#SóAcho: Trilogia Cinquenta Tons de Cinza e o Menosprezo a Cultura de Massa

     A trilogia Cinquenta tons de Cinza, escrita pela inglesa E.L.James, vêm causando um reboliço no mundo literário desde o seu lançamento. Os três livros classificados como eróticos nos contam a história de amor entre o milionário CEO Christian Grey e a Estudante de literatura Anastasia Steele. Envolvendo traumas do passado, sexo explícito e sadomasoquismo em uma narrativa extremamente simples a E.L. James acertou no tempero. Se por um lado a autora arrebatou milhões de fãs pelo mundo, por outro colecionou inúmeras críticas negativas sobre a sua obra. Lembrando que a Trilogia deriva-se de uma fanfic em homenagem a saga crepúsculo (que eu nunca li e portanto não posso fazer comparações).
     A primeira vez que ouvi falar do livro foi em um acesso ao Yahoo.com onde uma matéria falava sobre o sucesso e trazia consigo o primeiro capítulo para download. Baixei o arquivo mas não li imediatamente e quando li parei na segunda ou terceira página, tinha estranhado a narrativa e a depreciação da protagonista meio que me irritou. Alguns meses depois minha cunhada estava lendo o tal livro e super indicou, ela me disse que se eu passasse do primeiro capítulo eu não iria conseguir parar. Dito e certo.
     Confesso que durante os primeiros capítulos me vi ansiosa para que chegasse nos "finalmentes" e me vi um pouco assustada nas primeiras cenas de sexo, o máximo que eu havia chegado perto desse tipo de cena foi em romances de banca que não nos dão "tantos detalhes'' sobre atos sexuais.
     E o que eu achei das cenas de sexo? Estimulantes, até excitantes, embora bem mirabolantes. Na real, acho mais fácil os vampiros da Meyer brilharem do que um cara fazer uma mulher atingir o orgasmo duas vezes em sua primeira vez. Mas aí eu compreendi as grandes sacadas da E.L.James:
  1.  Criar um homem que a maioria das mulheres gostaria de ter, o ideal utópico de beleza, masculinidade com um toque de cavalheirismo, muito dinheiro na conta bancária, aeronaves particulares, que lhe enche de presentes absurdamente caros e que, claro, faça qualquer mulher ter orgasmos múltiplos em todas as transas possíveis. Nessa ela já atraiu a atenção da maioria dos olhares femininos.
  2.  Criar uma protagonista que se vê como coadjuvante, que tenha complexo de inferioridade e seja virgem. Esse é o clichê da maioria dos "Sabrinas" que a mulherada, inclusive eu, lia na adolescência. Com isso a autora criou uma familiaridade com seu público alvo, fazendo com que mulheres que não liam desde a época do colégio resgatasse o hábito de leitura.
  3. Polêmicas e tabus. Esses ficam por conta dos traumas vividos por Grey durante sua infância e posteriormente seu envolvimento com o BDSM.
  4. Aqui entra uma característica peculiar da obra da E.L.James: A narrativa. Quem nos descreve os fatos é a própria Anastasia que narra os acontecimentos de uma forma absurdamente simples. Tal característica  foi, e é, duramente criticada. Se por um lado a escrita soa infantil e não agrega valor a narrativa, por outro torna a leitura extremamente fácil e fluente. O que explicaria a disseminação de fãs da obra por toda parte do mundo. Mesmo aquelas pessoas que nunca leram mais de cem páginas leem facilmente a trilogia, onde cada livro tem, aproximadamente, entre 450 e 500 páginas. Eu tenho as minhas teorias quanto ao modo de escrever da autora:
  • Ela realmente não sabe florear uma cena. Apenas descreve o que está acontecendo sem uma emoção mais aprofundada.
  • Ela quis facilitar a compreensão de sua escrita tornando-a acessível a qualquer um que quisesse ler, mesmo aqueles que não cultivam o hábito.
  • Porra, a mulher escrevia fanfics. Exigir que alguém tenha uma forma de escrever impressionante para tal é meio demais né. Talvez, na época, ela nem imaginava que um dia fosse publicada.
     O fato é que a titia James deslanchou de uma forma meteórica. Imagina: você escreve uma fanfic, consegue publicar, vira best seller, fica milionário e ainda vive pra ver a adaptação cinematográfica de sua obra?
     Uma coisa que percebi ao longo desse tempo desde o lançamento da trilogia foi que para se alcançar o sucesso você tem que fazer amar-se e odiar-se ao mesmo tempo.
     Como você explica o sucesso, não só de obras literárias, mas também de alguns artistas, programas de TV e até gêneros musicais que, mesmo sendo duramente criticados, mantêm-se firmes no topo do sucesso? Enquanto muitos gritam aos quatro ventos que "funk não deveria ser considerado música" o "ah lelek" explode nas paradas e vai parar no rebolado da Beyoncé durante o Rock'n Rio. Enquanto muitos detonam o Big Brother, milhares de pessoas aguardam ansiosas a chegada de janeiro e congestionam as linhas do programa.
     Se olharmos bem veremos que quando há preconceito e não há respeito o MENOSPREZO A CULTURA DE MASSA se torna um problema tão grave quanto a alienação imposta pela mídia. Se olharmos mais fundo veremos que o MENOSPREZO A CULTURA DE MASSA é uma forma de alienação.
     Não estou dizendo, no entanto, que não se pode expressar a sua opinião sobre determinada música, programa de TV ou livro. Não se deve é colocar na cabeça das pessoas as suas experiências mal sucedidas tentando fazê-las odiar o que você odeia. Muito menos julgar uma pessoa por sua playlist ou seu gosto literário.

#SóAcho

Ah! E quanto a trilogia Fifty Shades: eu li e, apesar de não serem meus livros favoritos, eu gostei de tê-los lido.
E sim, eu irei no cinema assistir a adaptação para as telonas.
E não, eu não me envergonho disso.

Bjo
Néury

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18 comentários:

  1. Éh, pode até ser bom, e estimulante rsrs, mas, acho que o livro tinha que ter classificaço pra ser lido, meu irmo de 13 quer ler kkk

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    1. Me metendo aqui na conversa: o livro TEM uma classificação. No verso de todos os exemplares há uma 'tag' onde diz "conteúdo adulto".

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    2. Por lei todo tipo de mídia tem que ter a classificação indicativa. Mas só de saber do que se trata você já percebe que não é uma coisa que um adolescente de 13 anos deva ler.
      Bjo Felipe
      Obrigada pela visita!

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  2. Adorei a sua análise, apesar de não gostar de 50 tons de cinza, acho que a James tem o seu mérito. Não é qualquer fanfic que uma editora se interessa e quer logo lançar um livro. Beijos.

    http://utopianongrata.blogspot.com.br/

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    1. Que bom Thamyris,
      Na minha opinião nõ porque a gente não gosta que tenha que desmerecer o trabalho do autor. Nem menosprezar aqueles que gostam.
      Obrigada pela visita.

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  3. Gostei do post! Até hoje eu não entendi por que tanta polêmica com relação a esses livros. São normais. Contém uma história de amor como qualquer outro. A diferença é que o sexo está explícito na escrita. E o que torna tudo mais polêmico é que são formas 'alternativas' de se sentir prazer. Mas ainda assim elas existem e muitas pessoas são adeptas.
    Algumas pessoas se chocaram com isso. Mas a solução é tão simples: Não leia os livros. Ponto.

    Bjs, Lu
    Blog: Sem Spoiler
    ps: não deixe de seguir o Sem Spoiler. Blog atualizado frequentemente.

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    1. Exatamente. Na maioria dos romances o sexo está implícito no contexto. Mas o gênero erótico já está por aí há anos. E.L.James não foi a pioneira. O negócio é que quando uma coisa alcança o sucesso as pessoas começam a menosprezar.
      Obrigada pela visita.
      Estou seguindo seu blog.

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  4. Olá querida!
    Tenho que concordar com você.Eu adorei a trilogia, a história não é só sexo ou sado, tem o lado do romance também!
    Eu sou uma das que amou a escrita da autora por ser simples e confesso me empolguei em algumas cenas...hehehehe

    Beijinhos

    As Leituras da Mila

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    1. É pra empolgar mesmo, né? O que é aquilo?
      Hehehehe
      Eu estranhei um pouco a escrita no início mas logo me acostumei e não me incomodou tanto no decorrer da trilogia.
      Obrigada pela visita.

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  5. Seu post é um tapa na cara da sociedade. Concordo com tudo. Inclusive, estou guardando essa frase pra eventuais discussões: "Não se deve é colocar na cabeça das pessoas as suas experiências mal sucedidas tentando fazê-las odiar o que você odeia".

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    1. Alisson <3
      Amei seu comentário.
      Estava um pouco cansada de ser taxada por uma coisa que eu gosto. Gente que diz que não se deve julgar um livro pela capa mas julga as pessoas pelo gosto literário. É meio que hipocrisia né?
      OBRIGADA PELA VISITA.

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  6. como vc escreve bem +_+
    http://wwwjessykakarvalho.blogspot.com.br/

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  7. Você Brilhou Neury Queiroz, tanto no post, quanto na interpretação madura dos 50 tons.
    Sou suspeita em dizer algo, pois amei a literatura, e a forma gostosa e simples de como a autora coloca todos os detalhes.

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    1. Lidy, sua linda! Amei o elogio.
      Vindo de você significa muito pra mim.
      Obrigada pela visita.

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  8. Também gostei dos livros e estou ansiosa pela adaptação e Faço minhas as suas palavras.
    Parabéns pelo excelente texto! continue assim!

    Beijos

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    1. Obrigada,
      Fique a vontade pra visitar o blog sempre que quiser!

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  9. Menina você escreve bem pra caramba, está de parabéns. Gostei muitíssimo de sua opinião sobre a trilogia eu também a li e assim como você gostei e irei ao cinema e concordo plenamente sobre os pontos críticos da obra. Apesar de toda a simplicidade da história ela é boa e faz viajar como todo bom livro eu gostei e já os tenho guardados em minha biblioteca.
    Beijos e continue escrevendo assim, manda muito bem. Me visite em meu blog (em breve site :D) www.mundosemprebela.com

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